Irã desafia Trump pouco antes de negociações sobre programa nuclear
O governo de Donald Trump tenta estabelecer um acordo com o Irã em relação à produção de armas nucleares no país
atualizado
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O Irã informou, nesta quinta-feira (12/6), que vai aumentar “significativamente” a produção de urânio enriquecido. A afirmação ocorre três dias antes da sexta rodada de negociações com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde o início do segundo mandato, colocou-se como responsável por findar as guerras mundiais, em especial em Gaza e Ucrânia. Em relação ao Irã, o governo trumpista busca negociar um acordo nuclear, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaça atacar as principais instalações de enriquecimento nuclear do país.
A fala do Irã é interpretada como um desafio aos EUA, porque vai na contramão do interesse de Trump de zerar os níveis de enriquecimento de urânio do país.
O anúncio foi feito logo após um conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), órgão regulador de energia nuclear da ONU, adotar uma resolução que condena e acusa o Irã de violar obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em quase 20 anos.
Abbas Araqchi, ministro das Relações Exteriores iraniano, afirmou que essa resolução aumentou “a complexidade” das negociações com a Casa Branca, com quem Teerã se reunirá no próximo domingo (15/6).
“Estaremos em Mascate [capital do Omã] defendendo os direitos do povo iraniano”, afirmou o ministro Araqchi.
Israel e EUA x Irã
Masoud Pezeshkian, presidente do Irã, afirmou que, se EUA e Israel destruírem as instalações nucleares de Teerã, eles vão reconstruir tudo de novo.
“Não é o caso de que, se eles destruírem nossas instalações com bombas, tudo estará perdido. Essas capacidades existem em nossas mentes; portanto, seja o que for que façam, nós reconstruiremos novamente”, reforçou Pezeshkian.
Em 25 de maio, Trump afirmou que poderia haver “algo de bom” acontecendo em seu esforço para limitar o programa nuclear do Irã nos “próximos dois dias”. No entanto, membros do governo familiarizados com as negociações disseram que, na melhor das hipóteses, haveria uma declaração de alguns princípios comuns.
Em abril, Israel tinha planos de atacar instalações nucleares iranianas em junho. O ataque foi vetado por Trump, que queria continuar negociando com Teerã. Apesar da posição de Trump, Netanyahu continua a pressionar por uma ação militar sem a assistência dos EUA.
Israel não participa das negociações entre os Estados Unidos e o país do Golfo Pérsico, e a tensão entre Netanyahu e Trump deriva de diferentes visões sobre a melhor forma de explorar um momento de fraqueza iraniana e encerrar o poderio bélico nuclear do país.
Em outubro, Israel conseguiu destruir elementos-chave do sistema estratégico de defesa aérea do Irã, que ajudava a proteger as instalações nucleares do país, o que permitiria que aeronaves israelenses se aproximassem das fronteiras iranianas sem medo de serem alvos. Israel também paralisou o Hezbollah e o Hamas, grupos que têm sido apoiados por dinheiro, armas e foguetes iranianos.